O início das manhãs até aqui apresentou uma rotina um tanto sólida. Na quarta-feira (16), as crianças foram levadas pelos parentes ou profissionais do transporte até a sala, onde as professoras Lúcia e Maria as aguardam. Logo em seguida a professora Lúcia saiu para o café e a professora Maria assume a sala. Ela orienta as crianças para que, uma a uma, conforme solicitado, retirem das mochila o copo pessoal e o caderno de comunicação e que pendurem a mochila. Pede para que se sentem e ela se sente também para aguardar o retorno da professora para que as atividades comecem.
A professora volta cerca de vinte minutos depois, guarda sua bolsa e, mas antes retira uma garrafa vazia, sai para encher de água e volta com um copo descartável. Então vai até a bolsa novamente, pega um sachê de remédio e um comprimido. Chama a atenção das crianças para a hora do remédio. Abre o sachê, mistura à agua, pede para que as crianças abram a contagem, então toma o líquido do copo, engole o comprimido e toma um gole de água. Durante os quatro dias de imersão, a rotina tem sido assim: a primeira interação com as professoras é sempre "a hora do remédio".
Após isso, levamos as crianças para que tomem café. Elas gostam de me levar pela mão. Muitas gostam de segurar na mão e caminhar com os colegas, inclusive os meninos. Elas sempre se sentam na primeira mesa mais próxima da cozinha, as funcionarias servem o leite em canecas e os biscoitos num prato, as professoras levam até a mesa e entregam para as crianças que querem, e se por ventura não quiserem mais, as professoras é que recolhem e descartam na mesa de apoio. Em seguida retornamos para a sala.
A professora Maria pega os calendários, entrega às crianças, cada qual o seu. Enquanto isso a professora Lúcia faz um apontamento aleatório dos números de 1 a 10, fixados acima do quadro. Algumas crianças respondem aos questionamentos sem dificuldade alguma, enquanto outras indicam não ter o domínio.
A professora representa no quadro o número correspondente ao dia e só então a Maria entrega o giz para que elas possam pintar.
Infelizmente, as plaquinhas com os nomes continuam guardadas numa pasta. A presença nesta sala é verificada do modo tradicional, sendo todas as crianças literalmente obrigadas a responder "presente".
Diferente do primeiro dia de imersão, as professoras formadoras não propuseram a contação de estória e também não teve brincadeiras. Foi pedido às crianças que aguardassem sentadas o horário do parque, que obedece à uma escala de horários que é diferente todos os dias.
Fomos ao parque, no qual há uma balança, um escorregador e uma casinha. Há também um balanço duplo, mas nele as crianças não podem brincar. A única explicação que encontro é a de que ele fica atrás da casinha, o que a deixa fora do campo de visão das professoras, que ficam sempre recostadas na parede, no centro do espaço.
Após alguns minutos voltamos para a sala e enquanto a professora Maria saiu para buscar três rolos de TNT, a professora Lúcia fazia lia os recados e fazia anotações no caderno de comunicação com os pais.
Honestamente, senti uma relação de conflito entre a professora e algumas das crianças. Sobre o garoto Mateus, ouvi da professora Lúcia que a mãe dele tem um histórico de causar problemas. Na terça-feira, o dia anterior a estes relatos, havia na agenda um recado da mãe que falava de uma mágoa do filho, que contara a ela que a professora teria falado mal do corte de cabelo dele. Ela chamou a coordenadora Alessandra e pediu uma reunião com a mãe, porque segundo ela, a mãe é "encrenqueira" e ela não correria riscos numa conversa sem testemunha. O desconforto desta história é porque em todo o tempo ela volta a este assunto e acusa a criança de ser mentirosa.
Com os rolos de TNT, cortamos alguns quadrados com o intuito de que as crianças fizessem petecas. Distribuímos folhas de revistas, ajudamos que elas amassem e embrulhassem uma folha na outra para que ela ficasse pesada, selamos as bolinhas de revistas com fita adesiva, e embrulhamos no TNT. Em seguida as petecas foram recolhidas porque seria a atividade do dia seguinte.
Saímos para o almoço no qual o procedimento é semelhante ao café: as profissionais servem e as professoras levam até as mesas. Poucas crianças não se alimentam e outras poucas só comem arroz. Algumas crianças pedem para repetir a refeição, sendo que nesta condição não tem o direito de jogar fora.
Voltamos para a sala, as crianças se sentam e uma a uma são chamadas para ir ao banheiro, tomar água e guardar o caderno para esperar o horário de ir embora. Esse processo começa pelas crianças que vão de transporte. A professora fez uma pausa para ir ao banheiro e eu me ofereci para continuar o processo. Ela disse que ok, mas que eu deveria fazê-lo devagar para que assim demorasse e as crianças não ficassem ociosas.
Quarta-feira 16/05 a exemplo da terça-feira 15/05, não houve H.A. Ficamos no refeitório conversando sobre as observações.
A quinta-feira (17) foi atípica, apesar das atividades de praxe: fomos cedo ao café e tivemos a "hora do remédio". Em seguida, como a coordenadora havia convidado a mãe do menino Mateus, ambas as professoras foram para a reunião. A professora Luzinete, que não entendi se tem uma sala que esteja a frente, veio para ficar com a turma. Propus a ela fazer algo para as crianças despertarem, visto que estavam bem sonolentas. Fizemos alongamento, brincamos de seu mestre mandou e cantamos algumas músicas por cerca de uma hora.
As professoras voltaram e o tema da manhã foi o desequilíbrio da mãe ou a possibilidade do menino Mateus ser um mentiroso.
Fomos ao parque, elas se sentam e resolvem situações bancárias no telefone. Não há mediação ou qualquer interação com as crianças, apenas supervisão, controle e muitos gritos.
Hoje brincamos de Lobo Mau, eu o lobo que se escondia e perseguia as crianças. Corremos até cansar.
Fomos direto para o almoço e em seguida fomos para a sala. Pegamos as petecas e voltamos para o pátio interno. Jogamos peteca e brincamos de pega-pega. A professora Lúcia participa pouco das brincadeiras, a professora Maria brinca um pouco mais. Elas mesmas não fazem muitas proposições. Geralmente quem faz são as crianças e quase sempre direcionadas a mim ou a Maria.
Já aprendi o nome de algumas das 21 crianças.
Tem o Diego, muito esperto, conheci a mãe dele e conversamos um pouco. Ele e eu contamos para ela sobre a viagem de avião que fizemos na terça. Eu como piloto o levei à um "lugar isolado", no avião feito de frasco de shampoo nos levou em segurança. Pouso e decolagem foram perfeitos.
O Mateus com seu super-herói vilão veio brincar também. A brincadeira não durou muito porque ele não poderia ter se levantado, tão pouco saído de seu lugar.
A respeito da escolha dos brinquedos, não é nada agressivo (ao menos não nesta sala), mas as questões de gênero sempre aparecem. As professoras são conservadoras: meninas primeiro, críticas duras à menina que pede para ir ao banheiro com os meninos, um direcionamento sempre que possível sobre a escolha dos brinquedos,...
Sobre isso, não sei como proceder.
Nanci
A professora volta cerca de vinte minutos depois, guarda sua bolsa e, mas antes retira uma garrafa vazia, sai para encher de água e volta com um copo descartável. Então vai até a bolsa novamente, pega um sachê de remédio e um comprimido. Chama a atenção das crianças para a hora do remédio. Abre o sachê, mistura à agua, pede para que as crianças abram a contagem, então toma o líquido do copo, engole o comprimido e toma um gole de água. Durante os quatro dias de imersão, a rotina tem sido assim: a primeira interação com as professoras é sempre "a hora do remédio".
Após isso, levamos as crianças para que tomem café. Elas gostam de me levar pela mão. Muitas gostam de segurar na mão e caminhar com os colegas, inclusive os meninos. Elas sempre se sentam na primeira mesa mais próxima da cozinha, as funcionarias servem o leite em canecas e os biscoitos num prato, as professoras levam até a mesa e entregam para as crianças que querem, e se por ventura não quiserem mais, as professoras é que recolhem e descartam na mesa de apoio. Em seguida retornamos para a sala.
A professora Maria pega os calendários, entrega às crianças, cada qual o seu. Enquanto isso a professora Lúcia faz um apontamento aleatório dos números de 1 a 10, fixados acima do quadro. Algumas crianças respondem aos questionamentos sem dificuldade alguma, enquanto outras indicam não ter o domínio.
A professora representa no quadro o número correspondente ao dia e só então a Maria entrega o giz para que elas possam pintar.
Infelizmente, as plaquinhas com os nomes continuam guardadas numa pasta. A presença nesta sala é verificada do modo tradicional, sendo todas as crianças literalmente obrigadas a responder "presente".
Diferente do primeiro dia de imersão, as professoras formadoras não propuseram a contação de estória e também não teve brincadeiras. Foi pedido às crianças que aguardassem sentadas o horário do parque, que obedece à uma escala de horários que é diferente todos os dias.
Fomos ao parque, no qual há uma balança, um escorregador e uma casinha. Há também um balanço duplo, mas nele as crianças não podem brincar. A única explicação que encontro é a de que ele fica atrás da casinha, o que a deixa fora do campo de visão das professoras, que ficam sempre recostadas na parede, no centro do espaço.
Após alguns minutos voltamos para a sala e enquanto a professora Maria saiu para buscar três rolos de TNT, a professora Lúcia fazia lia os recados e fazia anotações no caderno de comunicação com os pais.
Honestamente, senti uma relação de conflito entre a professora e algumas das crianças. Sobre o garoto Mateus, ouvi da professora Lúcia que a mãe dele tem um histórico de causar problemas. Na terça-feira, o dia anterior a estes relatos, havia na agenda um recado da mãe que falava de uma mágoa do filho, que contara a ela que a professora teria falado mal do corte de cabelo dele. Ela chamou a coordenadora Alessandra e pediu uma reunião com a mãe, porque segundo ela, a mãe é "encrenqueira" e ela não correria riscos numa conversa sem testemunha. O desconforto desta história é porque em todo o tempo ela volta a este assunto e acusa a criança de ser mentirosa.
Com os rolos de TNT, cortamos alguns quadrados com o intuito de que as crianças fizessem petecas. Distribuímos folhas de revistas, ajudamos que elas amassem e embrulhassem uma folha na outra para que ela ficasse pesada, selamos as bolinhas de revistas com fita adesiva, e embrulhamos no TNT. Em seguida as petecas foram recolhidas porque seria a atividade do dia seguinte.
Saímos para o almoço no qual o procedimento é semelhante ao café: as profissionais servem e as professoras levam até as mesas. Poucas crianças não se alimentam e outras poucas só comem arroz. Algumas crianças pedem para repetir a refeição, sendo que nesta condição não tem o direito de jogar fora.
Voltamos para a sala, as crianças se sentam e uma a uma são chamadas para ir ao banheiro, tomar água e guardar o caderno para esperar o horário de ir embora. Esse processo começa pelas crianças que vão de transporte. A professora fez uma pausa para ir ao banheiro e eu me ofereci para continuar o processo. Ela disse que ok, mas que eu deveria fazê-lo devagar para que assim demorasse e as crianças não ficassem ociosas.
Quarta-feira 16/05 a exemplo da terça-feira 15/05, não houve H.A. Ficamos no refeitório conversando sobre as observações.
A quinta-feira (17) foi atípica, apesar das atividades de praxe: fomos cedo ao café e tivemos a "hora do remédio". Em seguida, como a coordenadora havia convidado a mãe do menino Mateus, ambas as professoras foram para a reunião. A professora Luzinete, que não entendi se tem uma sala que esteja a frente, veio para ficar com a turma. Propus a ela fazer algo para as crianças despertarem, visto que estavam bem sonolentas. Fizemos alongamento, brincamos de seu mestre mandou e cantamos algumas músicas por cerca de uma hora.
As professoras voltaram e o tema da manhã foi o desequilíbrio da mãe ou a possibilidade do menino Mateus ser um mentiroso.
Fomos ao parque, elas se sentam e resolvem situações bancárias no telefone. Não há mediação ou qualquer interação com as crianças, apenas supervisão, controle e muitos gritos.
Hoje brincamos de Lobo Mau, eu o lobo que se escondia e perseguia as crianças. Corremos até cansar.
Fomos direto para o almoço e em seguida fomos para a sala. Pegamos as petecas e voltamos para o pátio interno. Jogamos peteca e brincamos de pega-pega. A professora Lúcia participa pouco das brincadeiras, a professora Maria brinca um pouco mais. Elas mesmas não fazem muitas proposições. Geralmente quem faz são as crianças e quase sempre direcionadas a mim ou a Maria.
Já aprendi o nome de algumas das 21 crianças.
Tem o Diego, muito esperto, conheci a mãe dele e conversamos um pouco. Ele e eu contamos para ela sobre a viagem de avião que fizemos na terça. Eu como piloto o levei à um "lugar isolado", no avião feito de frasco de shampoo nos levou em segurança. Pouso e decolagem foram perfeitos.
O Mateus com seu super-herói vilão veio brincar também. A brincadeira não durou muito porque ele não poderia ter se levantado, tão pouco saído de seu lugar.
A respeito da escolha dos brinquedos, não é nada agressivo (ao menos não nesta sala), mas as questões de gênero sempre aparecem. As professoras são conservadoras: meninas primeiro, críticas duras à menina que pede para ir ao banheiro com os meninos, um direcionamento sempre que possível sobre a escolha dos brinquedos,...
Sobre isso, não sei como proceder.
Nanci
Oi Nanci, não está fácil!
ResponderExcluirAs novidades, não são animadoras.
Como proceder?
Vamos conversar sobre isso, tentar achar conjuntamente, com o grupo um caminho que possa nos permitir dar alguma contribuição para o trabalho nessa turma.
Como você percebeu, as crianças sabem quem devem procurar, quem responde as suas propostas de brincadeira. Do que Maria brinca?
Me impressiona que nada seja proposto para as crianças fazerem quando chegam e antes de ir para casa, é muito tempo sem fazer nada.
A coordenação costuma ir até a sala? Ela foi à sala para a reunião com a mãe de Mateus?
E Mateus? Em meio a todo esse constrangimento(em meu entender ele está sendo constrangido), como ele está?É possivel se aproxiamr um pouco? oferecer algum acolhimento? Vamos conversar sobre isso amanhã.
E... por que Mateus não pode brincar? Tinha que ficar sentado?
Você se sente a vontade para pedir para contar uma história enquanto as crianças esperam, pelo almoço, pela saída etc... Pode pedir para cantar com as crianças, brincar etc...? Será que isso é possível?
Abr.
Fátima